O objetivo deste
estudo foi determinar características clínicas pré e pós puberdade mais
significativas encontradas em indivíduos com mutação no gene FMR1, podendo
servir como método de triagem dos pacientes que devem ser submetidos a análise
molecular.
N= 104, sendo 92 do
sexo masculino e 12 do sexo feminino.
17 Apresentavam
mutação completa (14 eram do sexo masculino)
Resumidamente, o protocolo foi realizado pelo Serviço de Genética Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com um grupo de indíviduos com atraso mental idiopático. Este grupo de indivíduos foi submetido a investigações laboratoriais e clínicas, como exames morfológicos, com critérios estabelecidos por Jones, um exame citogenético com protocolo padronizado de cultura celular com sangue periférico, triagem do plasma e da urina para deteção de erros de metabolismo, sem diagnóstico etiológico.
O protocolo clínico foi elaborado a partir de revisão bibliográfica sobre os sinais mais frequentemente observados nesta doença, de fácil avaliação num exame clínico.
O diagnóstico de distúrbio de comportamento foi feito pelo médico de origem do paciente, podendo ser psiquiatra ou neurologista. Relativamente aos valores obtidos na
aferição de perímetro cefálico foram considerados casos de macrocefalia os resultados com valores > 2DS. As medidas
de orelhas foram baseadas em tabelas concebidas por Feingold & Bossert. O volume testicular foi medido com o uso de orquímetro de
Prader, sendo considerado macroorquidismo as aferições que superavam os
valores normais para a idade.
Fig 1 Questionário apresentado |
Os pacientes investigados foram classificados em pré e pós
puberdade de acordo com a presença de sinais físicos de puberdade. A
característica atraso mental não foi utilizado como parâmetro de uma vez que todos os indivíduos avaliados apresentavam algum grau de retardo, sendo a
principal característica clínica de encaminhamento destes indivíduos.
Realizou-se o exame de DNA nos 104 indivíduos. Na análise
molecular, o método adotado foi o da dupla digestão do DNA genómico com as
enzimas EcoRI e EagI seguido de Southern blot e hibridação com a sonda StB12.3
marcada radioativamente com α32 PdCTP, específica para a identificação de
amplificação de sequências de trinucleotídeos no gene FMR1, responsável pelo
retardo mental FRAXA 19. –> estudo molecular cria 2 grupos: portadores ou não portadores da deficiência
génica (QUALITATIVA DICOTÓMICA)
Tendo em conta estes fatores e com a intenção de proceder a uma análise comparativa dos dados, foram
discriminados e comparados em tabelas 2x2 os principais dados clínicos e
genealógicos entre 2 grupos distintos de pacientes do sexo masculino pré e pós puberdade.
è
O grupo de pacientes com características pré-puberdade
cujo estudo molecular foi positivo em relação aos indivíduos pré puberdade cujo
estudo foi negativo e o grupo de pacientes pós-puberdade com estudo molecular
positivo comparando os com os indivíduos pré-puberdade cujo estudo foi
negativo.
Análise descritiva:
Análise inferencial:
Para os pacientes pré-puberdade:
Houveram 2 sinais clínicos com significância estatística.
- História familiar de atraso mental: o relativo de casos familiares com atraso mental compatíveis com herança ligada ao cromossoma X foi observada em 100% dos pacientes. O atraso mental em vários graus ocorre decorrente da inativação da transcrição do gene FMR-1, expressado nos tecidos fetais e adultos, especialmente no cérebro (hipocampo e camada granular do cerebelo) e nos testículos nos pacientes do sexo masculino.
- Contato ocular pobre (definido como desviar os olhos ao olhar do examinador): observado em todos os pacientes portadores da doena. Em 100% destes pacientes foram observados também a ocorrência de orelhas grandes, flacidez de ligamentos e transtornos de linguagem, que, apesar de não serem estatisticamente significativas, poderão ser usados como auxílio no reconhecimento clínico.
Para os pacientes pós-puberdade:
Estatisticamente significativos:
- História familiar de atraso mental
- Orelhas grandes
- Fronte proeminente
- Contato ocular pobre
- Macroorquidismo.
Transtornos de linguagem e atraso/dificuldade na fala nos pacientes pré e pós-puberdade observados em percentagens altas, no entanto sem diferença estatisticamente significativa quando comparada aos grupos com teste molecular negativo (controlo).
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